Tic- Tac: Ter filhos ou não ter?

E o relógio biológico segue funcionando, até que de vez em quando, um alarme bem sonoro começa a ecoar: ter filhos ou não, talvez o tempo esteja esgotando. Fora isso, a bela e maravilhosa família, te colocando na berlinda, julgando se você não vai ter filhos é porque não pode, ou porque tem problemas de saúde. E não passa pela cabeça de quase ninguém, que você talvez não queira ser mãe. Pelo menos, agora não. Todo mundo tem direito de escolher, eu acredito nisso.

No início do ano fiz uma cirurgia para retirada de miomas, e para que se eu quisesse ter filhos no futuro, evitar certos problemas em decorrência do útero. Foi igual a uma cesariana e eu contei detalhes da cirurgia e da recuperação aqui no blog. Para saber mais, é só dar um search na palavra “miomectomia” que vem os posts.

E cada vez que eu chego na casa de um parente, lá vem a fatídica pergunta: “Fulana já tá grávida do segundo filho e é mais nova que tu. Quando tu vai ter filho, hein?”. Ou senão, a amiga que diz “Ai, quando tu tiver filho é que tu vai saber o que é ser mulher de verdade e sentir o amor.” Mas vem cá, de onde tiraram que uma mulher é mais fêmea que outra só porque é mãe? Quem disse essa asneira?

Eu curto crianças, tenho até uma leve vontade de ser mãe, mas meu marido não curte a ideia de ser pai. E eu me casei com ele sabendo disso. Não reclamo, apenas aceito, porque essa vontade não é grande em mim. Hoje tenho outras prioridades e não quero passar o que a mãe passou comigo e com meus irmãos: nos criou com muita dificuldade, ganhava pouco e muita coisa nos faltou. Hoje em dia é possível escolher, ter mais tempo para guardar um dinheirinho e dar um pouco de conforto para os filhos. Eu penso muito nisso. Não é só a questão de dinheiro, a questão também é ter tempo para educar, uma vez que trabalho em dois empregos.

Mas as pessoas são inoportunas e muito inconvenientes, elas começam a falar nisso e não adianta você  ser gentil e dizer que não pensa nisso agora. Elas questionam e dizem que já tenho 30 anos e não posso ficar adiando. Mas como assim, não posso? A vida é minha, o corpo é meu e eu decido se quero ter filho e quando eu quiser ter, vou tentar engravidar. E se não der mais tempo, o que mais tem aí é criança precisando de amor. E não venha me dizer que filho adotado não é filho, porque conheço mães que amam seus filhos adotados até mais do que os ‘de sangue’.

Acho que cada um tem seu tempo e feliz aquela que consegue conciliar seu tempo, com sua vontade com seu relógio biológico, com seu bolso e com tudo aquilo que a maternidade traz: Responsabilidade. Não adianta fazer filho e largar para os outros cuidarem, sustentarem. Filho é uma coisa que a gente faz e assume. Seja no sustento, na educação e no carinho.

Filho é amor,  doação, mas sobretudo responsabilidade. E sem essa pressão de relógio biológico. Cada um sabe da sua vida e das suas escolhas.

E você já se sentiu pressionada pelos outros porque está escolhendo adiar um pouco a maternidade?